sexta-feira, 30 de agosto de 2013

CRASSULA SPATHULATA (CRÁSSULA)


Agora com melhor solo enriquecido pelo composto e disposta na elevação do velho barril, expande-se e pende oferecendo um novo e espectacular efeito.


As flores de cinco pétalas brancas são pequenas mas muito brilhantes e em forma de estrela. O tom avermelhado dos botões dá ao conjunto uma nota requintada, quente, convidativa. 


Chegamos mais perto. A forma e disposição das folhas colocadas em oposição ao longo dos caules muito tenros é delicada mas suficiente para uma boa cobertura do solo e faz de barreira ás plantas espontâneas. Curiosamente é resistente quer ao sol de verão quer ao frio do inverno. Em todo o caso, sendo uma suculenta, convém não correr riscos com as geadas.

Multiplicação a partir de uma haste que à sombra facilmente enraizará. A manutenção também é pouco exigente. 

Fotos de 16 de agosto de 2013, no jardim.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

PSIDIUM CATTLEYANNUM (ARAÇÁ, a flor)


O botequim do Senhor Alberto, era um espaço acanhado onde cabiam por junto duas mesas, uma face encostada à parede pintada de branco, mais o balcão com uma enorme e primitiva máquina de café e a estante onde se alinhavam as garrafas e um ou outro ícone-lembrança de... Interiormente o balcão abrigava um ínfimo lavatório servido por água da rede pública e a imprescindível pedra de sabão azul da Cuf. O discreto anfitrião aguardava-nos de pé, mãos atrás das costas, segurando um pano de limpeza que usava sem que se percebesse bem onde estaria o pó que perseguia implacavelmente.


Ás vezes via-o assomar à porta deitando os olhos sobre a praça central da cidade tentando vislumbrar um potencial cliente. A sua figura alta e magra alinhava-se de tal modo com a ombreira que quase se confundia com ela. Apenas a cabeça avançava, o rosto denunciando os largos anos passados mas iluminado por uma natural bonomia.


Ali eu ia tomar diariamente o pequeno almoço. Na altura vivia só, não tinha frigorífico em casa, a humidade andava todo o ano próxima da saturação, os alimentos não se conservavam frescos por muito tempo.


A passagem era muito breve, a refeição tomada de pé, já a pensar nas pesadas tarefas que me aguardavam. Que vai ser hoje? 
Senhor Alberto, o habitual! E o habitual era café com leite, pão com queijo. 
O Senhor anda tão magro ... precisava era de um fortificante, senão ainda adoece... E que me recomenda, Senhor Alberto?  Afinal o Senhor também é bem magro! 
Fez uma larga pausa, uma mão continuava segurando o pano, a outra sobre a testa. Bem, sou magro mas de muito alimento. Um falso magro, não é? O que me dá o apetite é um cálice diário de licor caseiro de frutos do meu jardim. Tenho anona, maracujá, araçá ...
Oh, Senhor Alberto, Senhor Alberto! Saí quase correndo, enquanto o Alberto tomava mais uma nota descritiva no meu "livro dos fiados", exactamente igual à de qualquer outro dia do mês: dia tantos de tal, café, (tanto), leite (tanto), pão (tanto), queijo (tanto). Total (tanto). Quando não tinha pressa e ele estava ocupado, eu próprio o escriturava e seguia a norma. Só pagava no fim do mês e enquanto eu conferia as moedas, o Senhor Alberto antecipava, escrevendo em letra redonda: pago, tantos de tal. Seguia-se a rúbrica abreviada. 

Continuei magro, talvez por não tomar o licor de araçá. Igualmente o Senhor Alberto magro continuou, não obstante as doses diárias, nunca esquecidas nem adiadas. Guardo os livros e a quitação não se lembrasse amanhã um sucessor de me exigir pagar o que fora pago. 
Sabe qual foi o seu pequeno almoço de há 40 anos?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ALLAMANDA CATHARTICA (ALAMANDA-AMARELA, DEDAL-DE-DAMA)


A alamanda é uma trepadeira perene da família apocynaceae. Oriunda das regiões tropicais da América do Sul e Central, altamente susceptível ao frio, não suporta temperaturas negativas. Também não gosta de sombra. O que lhe convém é o sol pleno, alta humidade relativa e pés frescos.


As folhas são duras, em verde-amarelado ou verde escuro arranjadas em grupos de 3 ou 4 por nó. As flores de forma campanulada, cinco pétalas fundidas na base, são em amarelo brilhante, perfumadas e têm cerca de 6 cm de comprimento.


Os frutos apresentam-se na forma de cápsulas com numerosas sementes.

A planta é tóxica. Quando cortada, o látex que solta também é irritante para a pele. Significativamente é designada em francês por "liane à lait".


Fotos de 2013, sudeste asiático, gentileza JM.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

VÁRZEAS ALAGADIÇAS


Os altos, que nam sam tam bõs pera pam tem mui fermosos pinhaes, semeando inda por antrelles alguns legumes õde pode ser: nas terras enxutas e tesas semeam trigo e legumes: nas varzeas, que sam alagadiças, que sam muitas e mui cumpridas, semeam arroz: e dam algumas destas varzeas duas e tres novidades no anno.

Padre frei Gaspar da Cruz, Tractado em que se cõtam muito por estenso as cousas da China cõ suas particularidades ... 1569, in Enformação das Cousas da China, Textos do século XVI, Introdução e Leitura de Raffaela D,Intino, IN-CM

Muito boa foto de JM, 2013, sudeste asiático. Obrigado, bjns.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

VIDA, há mais para além das aparências.


O solo da mata é uma toalha estendida. Nela, em sucessivas camadas, dispõem-se  folhas e ramos que protegem o solo da erosão e no processo da inevitável decomposição, lentamente devolvem nutrientes. Também é tecto, abrigo e dispensa permanentes para animais, os mais variados.   


Em consequência da seca, a vegetação rasteira é escassa no alto verão. É adaptação ou morte. Mas há muito mais vida do que aparenta numa visão de relance.


Em perfeito mimetismo com a vegetação rasteira (atente-se na primeira foto) uma borboleta aproveita a floração estival da calluna vulgaris (queiró), para recolher o precioso néctar, fonte da energia que lhe permitirá persistir, vivendo a sua vida. 

Foto da semana passada nas matas de Valcide.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

PHORACANTHA SEMIPUNCTATA (FORACANTA, BROCA-DO-EUCALIPTO, LONGICÓRNIO-DOS-EUCALIPTOS)


Trabalho nas matas durante a época estival e nas horas de maior calor só se de todo em todo inadiável! 


Nessa atmosfera abafada, opressiva, deparamos com um parceiro novo e para mim desconhecido, insecto da família cerambycidae, que tem preferência exclusiva por eucaliptos podendo as larvas causar danos significativos embora não chegue a causar a morte a árvores saudáveis. Mas o eucaliptal está velho e mostra sinais de doença. É urgente a reflorestação. Entretanto, a broca vai fazendo pela vida. 


Em castanho escuro, antenas longas, (o exemplar das fotos poderá ser um macho tendo em conta os espinhos que se destacam nas antenas), mede cerca de 1,50 cm de comprimento. Encontrei-o debaixo da casca parcialmente solta. Ao lado, um ninho. É (mais uma) praga florestal a ter em conta. Tal como o eucalipto também o foracanta provém da Austrália. Lá, como cá, más fadas há ...

Fotos da passada semana na mata de Valcide.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

PYRACANTHA COCCINEA (PIRACANTA). Formas: do botão à flor.


Em botão as suas flores assemelham-se a pequenas esferas brilhantes.  Numa sebe tornam-se aparentemente incontáveis. Via láctea? 


As formas harmoniosas dos botões contrastam com os dos lançamentos do caules e ramos deste arbusto, muito esticados em altura. O jardineiro responderá com podas até dobrar a planta a uma dimensão que não ultrapasse a altura dos olhos do podador. 


Já vi renques de piracantas em desenvolvimento livre - coisa rara! E que belo efeito! Com o tempo e sob o peso da rama, as suas formas de conjunto acabam por arredondar . Não tanto como os botões antes de abrir mas, ainda assim, retribuindo satisfação ao justo e nada preconceituoso observador que somos. 

Fotos da primavera de 2012, no Alentejo.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

ZINNIA (ZÍNIAS)


Zínias são plantas de efeito assegurado, para mais, fáceis de cultivar e pouco exigentes. Ganharam um lugar cativo no jardim, onde nesta altura são dominantes. São asteráceas ou compostas (os malmequeres pertencem á mesma família da zínia), o que equivale a dizer que aquilo a que chamamos uma flor são na realidade centenas de pequenas flores.


As nossas zínias são semeadas em viveiro na primavera quando a terra começa a aquecer e o risco das grandes geadas fica para trás.  Geralmente é preferido o talhão definitivo a partir de semente recolhida das nossas flores no final do verão, princípios de outono. Uma vez que tenham alcançado as duas folhas verdadeiras já poderão ser repicadas para formar bordas ou maciços. Também podem ser adquiridas em molhos nos mercados e feiras a preço acessível.                 


Antes da sementeira, é claro, o solo é mobilizado, retiradas ervas daninhas, enriquecido com estrume ou adubo. 


Elas gostam de manter o pé fresco. Contudo, porque vulneráveis ao oídio, deve evitar-se molhar as folhas. Nada como a rega de pé. 

Podemos ter zínias simultâneamente  em belas jarras em casa e no jardim: o corte até estimula a floração.

Que mais para garantir um verão florido?

Fotos de finais de julho de 2013, no jardim. 


sábado, 3 de agosto de 2013

DAHLIA (DÁLIAS), noutras cores.


Esta semana trouxe aqui algumas imagens de dálias tiradas no quintal. Como referi, há outras cores e formas igualmente espectaculares. Vejamos novas disposições e formas das pétalas.


Cuidados? Venho mantendo o solo fresco e retirando flores murchas e as infestantes.


Dão nas vistas. A sua mancha avista-se bem ao longe e prende logo a atenção. As fotos de cima podem parecer reportar-se a uma mesma flor em perspectivas diferentes. Mas não é assim. Se se reparar bem, são três distintas dálias com pequenas variações na forma e nas tonalidades.


Aqui, dir-se-ia uma flor de lótus! 

Fotos de ontem, no quintal.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

CRASSULA FALCATA (CRÁSSULA)


Planta de folhas carnudas, opostas, ascendentes, verde-acinzentadas. Apresentam-se revestidas por um pó fino e oleoso, típico de certas suculentas que pode sair facilmente com os dedos revelando a original cor verde da folha e nela tem um efeito protector. Distingue-se rapidamente de outras suculentas, desde logo, pela forma em hélice das folhas. Muito adequadamente, também é conhecida na língua inglesa por "propller plant". Já agora, também achei castiça, mas mais prosaica, a designação inglesa por "scarlet paint brush" em atenção à forma supostamente em trincha ou pincel, do conjunto floral. 


A espectacular floração em curso  reúne centenas de pequenas e brilhantes flores estreladas dispostas em inflorescências cimeiras abertas em que os pedicelos  se distribuem ao longo do eixo comum, com diferentes alturas, de modo a surgirem num mesmo plano.
   


Anote-se o contraste entre o vermelho das pétalas e o amarelo igualmente brilhante das anteras. A crássula requer a luz directa do sol. Suporta muito bem a seca e é de fácil manutenção. No entanto, atenção ás geadas. 

Em dezembro de 2011 dei nota de uma outra crássula do jardim. As de hoje são muito mais vistosas e fazem parte da colecção de suculentas do casal Maia com quem muito venho aprendendo do mundo vegetal. As fotos foram tiradas durante a semana a diferentes horas do dia. A terceira mostrará mais fielmente a real tonalidade da inflorescência.