terça-feira, 31 de maio de 2016

VICIA (ERVILHACA dos CACHOS-ROXOS, HAIRY VETCH, VEZA VELLOSA, VESCE de RUSSIE,


Em resultado das últimas chuvas, as ervas crescem extraordinariamente altas, densas. Algures por entre a variada massa vegetal destacam-se tons de púrpura, violeta e branco levemente azulado.


Ao longe, assemelham-se a cachos de flores de glicínias, mas muito mais discretas, menos abundantes. Comparativamente, são trepadeiras sem fôlego pois que bem ao contrário daquelas não alcançam mais do que uns 120 cm de altura. 


Vista mais de perto, a flor inconfundível das fabaceae. Uma ou outra desenvolve já os pequenos frutos leguminosos. 


Precisariam de mais tempo para amadurecerem.


Mas está prevista a capinagem do quintal para estes próximos dias. Antes que outras sementes menos desejadas se tornem viáveis. Mas a manobra da máquina não dá escolha. Apesar de tudo, cá as esperaremos no próximo ano.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

LATHYRUS


Desde Abril que leguminosas em flor, em diversas variedades, abundam na parte não cultivada do quintal. 


Pensemos que em sucessivos anos ali foram cultivadas forragens incluindo diferentes  leguminosas e, entre elas, a por mais conhecida ervilhaca (vicium sativa).


Este ano, com surpresa, vimos crescer no jardim este latyrus trepando por uma das sebes, ultrapassando os dois metros de altura. Para as fotografar, só em bicos de pés. Mas tem sido com gosto que o venho fazendo. 


E a surpresa vem de o não termos semeado. Obra de aves, vento, águas da chuva ...o certo é que há mais de um mês continua a prender-nos pela elegância dos lançamentos, os caules jovens ainda tenros e flexíveis mas já angulosos desenhando uma curva, as gavinhas buscando apoio e as flores, primeiro em botão discreto, breve em esplendor e encantadoras ainda na senescência. 

segunda-feira, 16 de maio de 2016

SCROPHULARIA (ESCROFULÁRIA, FIGWORT, SCROFULARIA)


Pude avistá-las, distantes uma dúzia de metros na orla do matagal, em local húmido e sombrio sobressaindo inconfundíveis, as folhas recurvadas para baixo, as flores agrupadas em inflorescências nos tons entre o cor-de-rosa e o vermelho e amarelo pálido contrastando com o verde dos caules erectos, pubescentes. 


Aproximo-me. Reconheço a escrofulária de que há dois anos aqui dei notícia quando a descobri numa várzea em Vila Nova de Poiares. Mas, por aqui, a cerca de quatro quilómetros da aldeia, é novidade para mim.



Trata-se em todo o caso de variedades diferentes. Há notícia de mais de duzentas variedades desta planta. 


A escrofulária de hoje, ao contrário da anterior é manifestamente pubescente. Também os caules são menos claramente angulosos e as flores mais arredondadas e de maior volume.


Destaque para dois dos quatro estames férteis e menos distintamente o tubo do estilete e o estigma apoiados na pétala inferior em tons amarelados. No plano superior duas pétalas rosadas elevam-se do plano médio da abertura. As duas pétalas ao centro mostram-se levemente recurvadas para fora e para baixo.


Fruto jovem.

Fotos de ontem, cerca do meio-dia.


quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma ou outra vez cruzamos com córregos, dizia,


assomando enigmaticamente das entranhas da terra, ainda assim, joviais, acolhedores, quase domesticáveis,


e, no entanto, a aparente inesgotabilidade dos veios, a persistência  com que tecem os seus enigmáticos fios nunca verdadeiramente repetidos, a figurada vertigem com que se precipitam na direcção do grande rio, exprimem a afinidade entre o todo dum mesmo elemento líquido. 


Nos derradeiros metros e, afinal, já sem pressa, espraiam-se  as águas com volúpia pela estreita praia antes da inevitável fusão.


Ali, na margem oposta, um regato de diferente coreografia, amortecido o impacto directo nas rochas, raízes e troncos de árvores,  escapa-se e finalmente alcança o rio. 
  

Divergindo da orientação comum, uma disposição particular do solo orienta o fluxo  doutra ribeira segundo uma linha descendente mas oblíqua relativamente ao sentido geral do declive. O alongamento do percurso, permite-lhe acolher contribuições proporcionadas por outras dobras do terreno. Já próximo do grande rio, surge assim, pomposamente, exibindo um caudal vistoso. 

sexta-feira, 6 de maio de 2016

pelo VALE do PAIVA


Uma festa para os sentidos: tanta luz, cor, movimento, sons! Mas, globalmente, o rio é presença olímpica.


Se, por momentos, o perdemos de vista os sons que as encostas nos devolvem ampliados,  manifestam a dinâmica poderosa da corrente caudalosa, atraem-nos continuadamente. Um preço: a atenção demora-se menos com detalhes de outras manifestações também interessantes que terão de ficar - quem sabe? - para um tempo futuro.


Com mais de metade do percurso realizado, o passadiço declina com suavidade enquanto cresce a agitação das águas. A vegetação oferece sombra o quanto baste.


Uma ou outra vez cruzamos com córregos de caudal variado e descontínuo que descem das arribas alcantiladas por sulcos estreitos e profundos, espraiando-se nos últimos metros antes de alcançarem o grande rio. Naturalmente, também por aí a vegetação ribeirinha emerge da aspereza das rochas e acompanha essas linhas de água ora opulentas, ora minguadas, sempre efémeras guardando, mesmo no pico do Estio, aquele mínimo de frescura e humidade que exprime o seu potencial criativo.