domingo, 14 de agosto de 2016

ERICA TETRALIX (URZE, CROSS-LEAVED HEATH)


Neste espaço precioso, não é mais permitido o apascento do gado, nem a recolha de materiais. Mas durante séculos foi pastagem, lugar de fetos que uma vez secos eram usados na lareira e no forno, de urze para a cama do gado, arandos para a mesa e até a areia e a gravilha eram usados nas edificações. Agora, o acesso está aberto apenas a caminhantes que seguem, às centenas por dia, por trilhos bem definidos, e não se vê que um só, adulto ou criança, colha a mais insignificante das ervas. É certo que a lei prevê penalidades mas a norma parece ter sido interiorizada e tanto que, aparentemente, não há fiscalização visível. O respeito pela natureza parece espontâneo. Ou, pelo menos, tudo acontece como se o fosse.


No que restou daquelas práticas anárquicas mas explicáveis pela estrita necessidade de culturas de subsistência, a urze também tem um lugar. Aliás, nada desprezível: insectos polinizadores, nomeadamente abelhas ou borboletas, pequenas cobras não venenosas, lagartos e besouros, e pequenas aves, musgos e líquenes, encontram guarida e alimento nestes nichos de tons entre o rosa-escuro, o magenta e o púrpura. Tudo somado: a promoção e defesa da diversidade em ambientes muito frágeis. 


Esta é uma urze de turfeiras e brejos, locais húmidos que igualmente propicia. As flores da erica tetralix em forma de pequenos sinos de boca quase fechada, crescem apenas no topo das hastes voltadas para um mesmo lado e são de cor menos carregada e de maior volume do que  as urzes mais comuns. Os estames permanecem dentro do tubo da flor. 


Realce ainda para as folhas estreitas, semelhantes a agulhas, irradiando em grupos de quatro de um mesmo ponto do caule.  

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